18/11/2019 - Osasco - SP

Ativistas alertam sobre violência contra jovens negros em sessão solene

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Osasco

A cada 17 minutos, um jovem negro tem a vida ceifada pela violência. Essa informação consta do Atlas da Violência 2019, e foi amplamente debatida na sessão solene do Dia da Consciência Negra da Câmara de Osasco, realizada na noite desta quarta-feira (13).

A solenidade aconteceu na Sala Osasco, reunindo vereadores, representantes do Poder Executivo municipal e pessoas que atuam na causa da defesa dos direitos da população negra.

Além de debates sobre racismo e o papel do negro da sociedade, o encontro foi marcado por homenagens a ativistas que atuam na defesa do povo negro e dos direitos humanos.

O encontro foi organizado pela vereadora Dra. Régia (PDT), que preside a Comissão Permanente de Políticas Afirmativas de Raça e Gênero da Câmara de Osasco. O vereador Ricardo Silva (REP), que é relator da Comissão, também integrou a Mesa dos trabalhos.

A Mesa foi composta ainda pela coordenadora da Comissão de Igualdade Racial da OAB Osasco, Dra. Lázara Carvalho, pela pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rafaela Albergaria, pela coordenadora de Igualdade Racial e Diversidade Sexual da Prefeitura do Município de Osasco, Simone Carvalho Lourenço, pelo presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), Bruno Vicente Pimentel, e pelo prefeito Rogério Lins (PODE).

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GENOCÍDIO DE JOVENS NEGROS

A representante da OAB Osasco, Lázara Carvalho, foi a primeira a usar a tribuna e abordou o problema do aumento da violência contra os jovens negros. “A cada 17 minutos um jovem negro tem a sua vida ceifada, a maioria entre 15 e 19 anos”, disse.

A advogada acredita que as políticas públicas para os negros têm sido maléficas desde a abolição da escravatura. “Com a Lei Áurea, o povo escravizado passou das fazendas para as cidades, sem nenhuma política de inclusão social”, lamentou.

Em seguida, a assistente social e pesquisadora da UFRJ Rafaela Albergaria, acredita que essa herança acompanha o povo negro até hoje. “Essas determinações são forjadas de forma radicalizada. Os jovens negros são prioritariamente selecionados para sofrer violência”, disse.

Para a especialista, o racismo determina e continua formando a nação brasileira. Rafaela acredita ainda que a violência contra os “corpos pretos” tem determinado o contexto “da retirada de direitos sociais” que, segundo ela, o país vivencia.

A pesquisadora encerrou o discurso defendendo que a solução para uma nação forjada pelo racismo é uma postura antirracista.

A coordenadora da Mulher, Igualdade Racial e Diversidade Social de Osasco, Simone de Carvalho, afirmou que o cenário ainda exige muitas transformações, trabalho em conjunto, e que o COMPIR tem sido parceiro da prefeitura nesse sentido.

Já o presidente do COMPIR, Bruno Pimentel, ressaltou a necessidade de ensino de história da África às crianças como forma de mostrar a importância do povo africano na formação do Brasil.

Ao usar a tribuna, o prefeito Rogério Lins condenou o racismo e reforçou a importância de políticas públicas voltadas aos afrodescendentes. Lins também falou sobre a reativação da Casa de Angola, que deverá acontecer em breve, mas em ritmo menor do que o esperado.

COMISSÃO DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS

A sessão solene do Dia da Consciência Negra acontece em atenção à Lei 1.809/1985, que institui em Osasco a Semana da Cultura Negra.

Esta é a terceira vez que a vereadora Dra. Régia preside a solenidade. A parlamentar mostrou-se emocionada e recordou sua luta por direitos humanos, iniciada quando começou a atuar como advogada.

O vereador Ricardo Silva pregou a união entre os povos e destacou a importância do Dia da Consciência Negra pelo fato de o povo brasileiro estar ligado aos povos africanos.

A sessão solene foi encerrada por homenagens a personalidades que atuam na promoção dos direitos dos negros e com apresentações culturais.