27/9/2012 - Osasco - SP
Semana Lamarca e Zequinha Barreto discute a ditadura militar no Brasil
da assessoria de imprensa da Prefeitura de Osasco
Em sua 2ª edição, aconteceu entre os dias 20 e 22 de setembro, no Espaço Cultural Grande Otelo, a Semana Lamarca e Zequinha Barreto, realizada pela Secretaria da Cultura de Osasco, dentro do projeto Cine Osasco Debate, e que reuniu importantes nomes da luta contra a ditadura militar no Brasil em evento que contou com exibição de filmes e lançamento de livro.
No primeiro dia de atividade aconteceu o lançamento da segunda tiragem do livro “68 – A geração que queria mudar o mundo” (Ministério da Justiça, Comissão de Anistia, 2011), com a presença da organizadora da obra, Eliete Ferrer, e de Leôncio de Queiroz, responsável pelo projeto do livro, além de alunos do 3º ano do Ensino Médio da E. E. Professor José Maria Rodrigues Leite. “1968 foi um ano emblemático, em que aconteceram revoltas em todo o mundo em nome da justiça social. Os relatos desse livro mostram a nossa alma, do ser humano que queria mudar o mundo e ainda quer”, explicou Eliete, que falou também sobre a importância de termos constituída no Brasil a Comissão Nacional da Verdade, que investiga os crimes perpetrados durante o regime militar. “A Comissão da Verdade deve esclarecer alguns fatos da ditadura. E porque se preocupar com isso agora? Porque a gente não quer que aconteça mais. Muitos dos torturadores não foram responsabilizados”, disse. A obra reúne mais de 170 relatos de ativistas políticos de 1968, que resgatam a história de brasileiros que se empenharam na luta contra o regime militar, em defesa do restabelecimento da democracia no País.
Na mesma noite, foi exibido o documentário “Vou contar para meus filhos”, de Tuca Siqueira, que conta a história de mulheres presas pela ditadura militar na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, em Recife (PE). O debate após a exibição aconteceu com uma das personagens do filme, Socorro Diógenes, que falou sobre os momentos na prisão, a vida na clandestinidade e as discussões sobre os reflexos da ditadura nos dias atuais. “Toda luta para que se abram os arquivos militares é importante, pois chega da história do Brasil ir para debaixo do tapete”, afirmou.
Já na sexta-feira, dia 21, foi exibido o filme “Marighella”, de Isa Grinspum Ferraz, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros e cedido gentilmente pela produtora TC Filmes para o evento. Na ocasião, o secretário interino da Cultura, Samuel Batista, falou um pouco sobre o projeto da Semana e a forte ligação entre Lamarca e Zequinha Barreto e Osasco. “Este é o segundo ano que estamos realizando essa atividade, como um esforço de manter a memória desses lutadores brasileiros viva. Osasco é o berço político de Lamarca e Zequinha, tendo como elo a luta contra a ditadura. A ideia dessa Semana é fazer uma homenagem a eles e discutir o que está acontecendo na sociedade atualmente”, explicou. Após a exibição do filme, o público debateu questões relativas ao período em que Marighella viveu, as forças políticas envolvidas na ocasião e o papel de Osasco no cenário da época.
O encerramento aconteceu no sábado, dia 22, com a exibição do filme “Cabra Cega”, de Toni Venturi.
A história de Lamarca e Zequinha Barreto tem estreita relação com Osasco. Carlos Lamarca era militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e capitão no quartel de Quitaúna. Já Zequinha Barreto estudava no Ceneart e trabalhava na Cobrasma, um dos palcos da grande greve de metalúrgicos de 1968. Ambos foram assassinados pelas forças da ditadura em 17 de setembro de 1971, em Brotas de Macaúbas, na Bahia, hoje cidade-irmã de Osasco.
Participaram da atividade João Subires, Orlando Silva e Rui de Souza, cineclubistas de Osasco, Diogo Gomes (Centro Cineclubista de São Paulo), Cacá Mendes (Centro Cineclubista Baixa Augusta), o jornalista Antonio Roberto Espinosa (ex-militante da VPR) e Risomar Fasanaro, uma das autoras que integra o livro “68 – A geração que queria mudar o mundo”.
